Defensor Público Federal analisa plano econômico dos principais candidatos à Presidência da República
Os quatro candidatos mais bem pontuados nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República: Luís Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet, já protocolaram no TSE seus planos para a área econômica, caso sejam eleitos. Eles apontaram rumos opostos em muitos temas, como leis trabalhistas, gastos públicos e privatizações.
A seguir, segue a análise do Defensor Público Federal André Naves – que atua na área de Inclusão Social e Direitos Humanos -, sobre as quatro candidaturas e seus planos na Economia.
“Com certeza o governo Bolsonaro proporcionou a melhoria do ambiente de negócios, favorecendo o empreendedorismo e o trabalho; mas pecou na proteção social, em especial daqueles mais necessitados. Além disso, as declarações e atitudes por vezes estapafúrdias do presidente Bolsonaro geram insegurança, que acaba por afastar os investimentos, não permitindo ao Brasil alcançar o crescimento que poderia.
Por outro lado, nós temos as promessas do candidato Lula. Como Lula já foi presidente, a gente precisa olhar o que foi feito na época do Governo dele, como foram equacionadas as questões de austeridade fiscal e responsabilidade fiscal. Aliás, em termos de responsabilidade social, um dos pontos interessantes é o aumento do salário mínimo. No atual governo, o mínimo é reajustado de acordo com a inflação. Segundo propostas do Lula, o salário mínimo seria reajustado acima da inflação, em função do crescimento, exatamente como foi feito na época em que foi presidente. Aí a gente aumenta a proteção ao trabalhador e isso também impulsiona o consumo, o mercado consumidor; o que faz girar a roda, favorecendo o surgimento de novos empreendimentos e de novas indústrias.
A Simone Tebet vai pelo mesmo caminho. Nós precisamos olhar o que ela fez enquanto vice-governadora, prefeita, senadora; e também a Mara Gabrilli, com toda a sua história de vida. Elas sempre atuaram em favor das minorias, em favor dos menos favorecidos, com uma política que eu chamaria uma ‘política da ponderação’. Elas não querem privatizar tudo, mas querem analisar a eficiência de cada estatal, de cada serviço público, o porquê da privatização. Elas entendem isso. Elena Landau fala muito bem: o ponto central é como a empresa estatal é utilizada. Será que ela é utilizada para melhorar os serviços públicos, para melhorar a situação nacional ou será que ela é utilizada para interesses escusos e acaba favorecendo grupos particularizados de interesse? Então elas pensam sim, em continuar essa melhoria no ambiente de negócios e avançar na proteção social, na proteção ao trabalho, na responsabilidade social aliada à responsabilidade fiscal.
O Ciro Gomes foca principalmente na industrialização e na proteção à indústria. São propostas muito interessantes, propostas de favorecimento industrial, revisão e adequação da reforma trabalhista, das políticas do teto de gastos, das políticas industriais, mas essas políticas já foram tentadas no passado e deram problemas sérios no Brasil, com recessão gravíssima. Ou seja, com a boa intenção de melhorar a indústria e assim favorecer e proteger o trabalho, a gente pode perder em trabalho, perder em autonomia e entrar em uma crise econômica severa”.
Defensor Público André Naves