Diabetes – você precisa saber tudo sobre a doença
No dia (14) é reservado no calendário mundial para se
comemorar o Dia Mundial do Diabetes. Data em que, a exemplo de outras
campanhas, é destinada a alertar e conscientizar a população quanto
aos riscos e a prevenção à doença. O diabetes é considerada uma doença
silenciosa uma vez que metade das pessoas que são portadoras não tem
conhecimento de que está acometida pela enfermidade. Daí a importância
de se buscar informações sobre o assunto. Alimentação saudável e
exercícios físicos são importantes ações preventivas.
O que é Diabetes?
Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pela elevação da glicose
no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção
ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas
chamadas células beta . A função principal da insulina é promover a
entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa
ser aproveitada para as diversas atividades celulares. A falta da
insulina ou um defeito na sua ação resulta portanto em acúmulo de
glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.
Classificação do Diabetes
Sabemos hoje que diversas condições que podem levar ao diabetes, porém
a grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Diabetes Tipo
1 e Diabetes Tipo 2.
Diabetes Tipo 1 (DM 1) – Essa forma de diabetes é resultado da
destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico,
ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo contra as
células, beta levando a deficiência de insulina. Nesse caso podemos
detectar em exames de sangue a presença desses anticorpos que são:
ICA, IAAs, GAD e IA-2. Eles estão presentes em cerca de 85 a 90% dos
casos de DM 1 no momento do diagnóstico. Em geral costuma acometer
crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa
etária.
O quadro clínico mais característico é de um início relativamente
rápido (alguns dias até poucos meses) de sintomas como: sede, diurese
e fome excessivas, emagrecimento importante, cansaço e fraqueza. Se o
tratamento não for realizado rapidamente, os sintomas podem evoluir
para desidratação severa, sonolência, vômitos, dificuldades
respiratórias e coma. Esse quadro mais grave é conhecido como
Cetoacidose Diabética e necessita de internação para tratamento.
Diabetes Tipo 2 (DM 2) – Nesta forma de diabetes está incluída a
grande maioria dos casos (cerca de 90% dos pacientes diabéticos).
Nesses pacientes, a insulina é produzida pelas células beta
pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um
quadro de resistência insulínica. Isso vai levar a um aumento da
produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais.
Quando isso não é mais possível, surge o diabetes. A instalação do
quadro é mais lenta e os sintomas – sede, aumento da diurese, dores
nas pernas, alterações visuais e outros – podem demorar vários anos
até se apresentarem. Se não reconhecido e tratado a tempo, também pode
evoluir para um quadro grave de desidratação e coma .
Ao contrário do Diabetes Tipo 1, há geralmente associação com aumento
de peso e obesidade, acometendo principalmente adultos a partir dos 50
anos. Contudo, observa-se, cada vez mais, o desenvolvimento do quadro
em adultos jovens e até crianças. Isso se deve, principalmente, pelo
aumento do consumo de gorduras e carboidratos aliados à falta de
atividade física. Assim, o endocrinologista tem, mais do que qualquer
outro especialista, a chance de diagnosticar o diabetes em sua fase
inicial, haja visto a grande quantidade de pacientes que procuram este
profissional por problemas de obesidade.
Outros Tipos de Diabetes – Outros tipos de diabetes são bem mais raros
e incluem defeitos genéticos da função da célula beta (MODY 1, 2 e 3),
defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas
(pancreatite, tumores pancreáticos, hemocromatose), outras doenças
endócrinas (Síndrome de Cushing, hipertireoidismo, acromegalia) e uso
de certos medicamentos.
Diabetes Gestacional – Atenção especial deve ser dada ao diabetes
diagnosticado durante a gestação. A ele é dado o nome de Diabetes
Gestacional. Pode ser transitório ou não e, ao término da gravidez, a
paciente deve ser investigada e acompanhada.. Na maioria das vezes ele
é detectado no 3o trimestre da gravidez, através de um teste de
sobrecarga de glicose. As gestantes que tiverem história prévia de
diabetes gestacional, de perdas fetais, má formações fetais,
hipertensão arterial, obesidade ou história familiar de diabetes não
devem esperar o 3º trimestre para serem testadas, já que sua chance de
desenvolverem a doença é maior.
Como Posso Saber se Estou Diabético?
O diagnóstico laboratorial pode ser feito de três formas e, caso
positivo, deve ser confirmado em outra ocasião. São considerados
positivos os que apresentarem os seguintes resultados:
1) glicemia de jejum > 126 mg/dl (jejum de 8 horas)
2) glicemia casual (colhida em qualquer horário do dia, independente
da última refeição realizada (> 200 mg/dl em paciente com sintomas
característicos de diabetes.
3) glicemia > 200 mg/dl duas horas após sobrecarga oral de 75 gramas de glicose.
Existem ainda dois grupos de pacientes, identificados por esses mesmos
exames, que devem ser acompanhados de perto, pois tem grande chance de
tornarem-se diabéticos. Na verdade esses pacientes já devem ser
submetidos a um tratamento preventivo que inclui mudança de hábitos
alimentares, prática de atividade física ou mesmo a introdução de
medicamentos.
A Importância do Acompanhamento Médico
É importante que o paciente compareça às consultas regularmente,
conforme a determinação médica, nas quais ele deverá receber
orientações sobre a doença e seu tratamento. Só um especialista saberá
indicar de forma correta:
• a orientação nutricional adequada,
• como evitar complicações,
• como usar insulina ou outros medicamentos,
• como usar os aparelhos que medem a glicose (glicosímetros) e as
canetas de insulina,
• fornecer orientações sobre atividade física,
• fornecer orientações de como proceder em situações de hipo e de hiperglicemia.
Esse aprendizado é fundamental não só para o bom controle do diabetes
como também para garantir autonomia e independência ao paciente. É
muito importante que ele realize suas atividades de rotina, viajar ou
praticar esportes com muito mais segurança. É importante o
envolvimento dos familiares com o tratamento do paciente diabético,
visto que, muitas vezes, há uma mudança de hábitos, requerendo a
adaptação de todo núcleo familiar.
Por que Tratar a Hiperglicemia?
A hiperglicemia é a elevação das taxas de açúcar no sangue e que deve
ser controlada. Sabe-se que a hiperglicemia crônica através dos anos
está associada a lesões da microcirculação, lesando e prejudicando o
funcionamento de vários órgãos como os rins, os olhos, os nervos e o
coração. Os pacientes que conseguem manter um bom controle da glicemia
têm uma importante redução no risco de desenvolver tais complicações
como já ficou demonstrado em vários estudos científicos.
Pacientes com Diabetes Tipo 2 não diagnosticado tem risco maior de
apresentar acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio e doença
vascular periférica do que pessoas que não têm diabetes. Isso reforça
a necessidade de um diagnóstico precoce que permita evitar tais
complicações.
A Automonitorização
Para obter um melhor controle dos níveis glicêmicos, não basta o
paciente apenas acreditar que está fazendo tudo corretamente ou ter a
sensação de estar sentindo-se “bem”. É necessário monitorar, no
dia-a-dia, os níveis glicêmicos. Para isso, existem modernos
aparelhos, os glicosímetros, de fácil utilização e que nos fornecem o
resultado da glicemia em alguns segundos. Siga as orientações do seu
médico quanto ao número de testes que deve ser realizado.
O objetivo desse controle não é só corrigir as eventuais
hiperglicemias que ocorrerão, mas também tentar manter a glicemia o
mais próximo da normalidade, sem causar hipoglicemia.
Quanto melhor o controle, maior o risco de hipoglicemia, daí a
importância também da monitorização da glicemia mais vezes tanto para
evitar a hipo, como também para que não se coma em excesso na correção
dela, o que invalidaria os esforços para manter o controle. A
monitorização permite que o paciente, individualmente, avalie sua
resposta aos alimentos, aos medicamentos (especialmente à insulina) e
à atividade física praticada.
Exames de Rotina
De acordo com a necessidade, as consultas devem ser mensais,
bimestrais ou trimestrais, com eventuais contatos por telefone ou fax,
com envio da monitorização glicêmica. Nas consultas são solicitados os
exames que devem incluir a glicemia, a hemoglobina glicada trimestral
(que dá a média da glicemia diária nos últimos 2 a 3 meses), função
renal anual (uréia, creatinina, pesquisa de micralbuminúria), perfil
lipídico anual ou semestral, avaliação oftalmológica anual, avaliação
cardiológica. Os demais exames devem ser solicitados de acordo com a
necessidade individual do paciente.