“Minha responsabilidade como médica não é ser simpática mas sim ser eficaz e responsável. disse Raquel Peyraube
A Raquel Peyraube, que acompanhou todo o processo de legalização da cannabis no Uruguai, fez uma apresentação bem contundente, durante a CICMED 2022 — I Conferência Internacional da Cannabis Medicinal, que começou ontem (11), com curso dedicado, e segue até amanhã (13), com arena de conferências e área de exposição.
Durante cerca de 40 minutos, a médica falou sobre questões que envolvem política, indústria e saúde pública para uma plateia de quase 600 médicos e profissionais de saúde. Entre outros temas, defendeu a importância de apresentar e entender os conceitos que envolvem a cannabis, a começar por sua apresentação como cannabis medicinal. “Cannabis medicinal não existe. Toda cannabis serve para uso medicinal. Toda cannabis serve para industrial. Toda cannabis serve para uso adulto. O que muda é o uso da cannabis porque não existem variedades botânicas ou de qualidade que se encaixam em cada uma destas definições”, disse.
De acordo com a médica, estes são fatores que impactam no conhecimento — ou desconhecimento — da população, que precisa se sentir e estar segura, além de ser respondida responsavelmente quando se fala no uso medicinal da cannabis. Ela reforçou que os produtos de qualidade médica são importantes por uma série de razões, entre as quais estão: os tratamentos prescritos por médicos requerem produtos que cumpram as especificações de forma consistente; as pessoas esperam e confiam que os produtos utilizados para fins médicos são de alta qualidade cumpram um padrão específico; e a confiança é assumida quando um produto tem uma reinvindicação para uso médico. “Isto é importante porque a dosagem e os tipos de produtos determinam a resposta do paciente”, reforça.
A questão da qualidade, reforçada pela médica, deve ser obtida por meio do cumprimento de vários requisitos que ela chama de SIPCPQ, conceito identificado pela médica e apresentado como uma forma de pensar sobre produtos de cannabis de qualidade médica e que é definida por segurança (S), identidade (I), potência (P), composição (C), pureza (P) = qualidade (Q). “Qualidade significa que o produto está em conformidade com as especificações definidas pelos órgãos reguladores. E as boas práticas de laboratórios e de empresas de manufatura devem considerar dezenas de itens que já estão mapeados”, diz, referindo-se, entre outros, no caso dos laboratórios, a questões como instalações adequadas, programa de garantia de qualidade, realização e apresentação de resultados de estudos.
Ao abordar a questão da psicoatividade, a médica reforça que ter uma visão negativa da psicoativdade é um problema cultural que está longe de considerar a visão médica do contexto. “A nossa cultura teme estes efeitos e considera-os negativos devido a uma generalização na questão do uso problemático das drogas”, diz.