Sociedade Civil chama atenção para o bioma Cerrado para o equilíbrio climático na COP27
O Cerrado brasileiro, a savana mais biodiversa do mundo e a segunda maior frente de desmatamento e conversão do planeta depois da Amazônia, já presenciou o desmatamento e a conversão ecossistêmica de metade de seu território para a produção massiva de commodities. O objetivo de dois eventos paralelos na 27ª Conferência do Clima é criar um entendimento sobre a proteção do bioma Cerrado, enfatizando as soluções que os povos locais e os conhecimentos tradicionais trazem para esse desafio global. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas 2022 acontecerá de 6 a 18 de novembro em Sharm El-Sheikh, Egito.
Na data de abertura da COP27, o Panda Hub realizará o evento O papel da população local para proteger um dos maiores estoques de carbono e biodiversidade: o Cerrado, com a participação de Ane Alencar, Diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia); Sandra Braga, representante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq); Jean Timmers, Gerente de Políticas e Advocacia para Cadeias de Suprimentos Livres de Desmatamento e Conversão do WWF; e Tiago Reis, representando a Trase. O debate está marcado para às 15h, hora local de Sharm-el-Sheik.
Na quinta-feira, dia 10, às 17h15, será realizado um segundo evento paralelo no Brasil Hub, organizado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) em parceria com Fase, WWF-Brasil, IPAM, Instituto Cerrados e Rede Cerrado . Desta vez, o foco será no Acordo de Associação UE-Mercosul, na due diligence de produtos livres de desmatamento e nos desafios para o Cerrado. Com a implementação do acordo, os riscos de abordagens focadas apenas na floresta podem criar uma pressão de recuperação ainda mais considerável de destruição em ecossistemas não florestais, suas comunidades locais e povos indígenas.
“O Cerrado é um bioma estratégico para o Brasil. É gigante na produção de alimentos, mas também gigante na produção de serviços ecossistêmicos”, enfatiza Ane Alencar. “A destruição do Cerrado não só ameaça a vida em um sentido mais amplo, incluindo a de povos e comunidades tradicionais, mas também a produção de alimentos”, acrescenta.
Tiago Reis, que divide a mesa de debate com Alencar no dia 6, destaca a importância de incluir o Cerrado no âmbito da legislação europeia contra o desmatamento. “Nas regiões do Cerrado de onde a UE se abastece, 20% da conversão agrícola recente não seria coberta se apenas florestas e outras terras arborizadas fossem incluídas. Portanto, esse escopo da regulamentação da UE precisa ser expandido para todos os tipos de vegetação nativa”, afirma.
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e da América Latina. Corresponde a cerca de 24% do território brasileiro, ocupando uma área total de mais de 2 milhões de km², mais extensa do que França, Portugal, Espanha e Itália juntos. Rica em água, contém nascentes de importantes bacias hidrográficas do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.