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Prever temas para redação do Enem pode causar ansiedade nos alunos, alertam especialistas

A ansiedade durante a busca para desvendar o tema da redação do Enem pode atrapalhar muito mais o estudante do que o ajudar, apontam especialistas – Crédito: Freepik

Faltando pouco mais de um mês para o Enem 2021, que será realizado nos dias 21 e 28 de novembro, o nervosismo tende a cada vez mais tomar conta dos estudantes. Porém, a tentativa de prever os possíveis temas da tão temida prova de redação pode ser ainda pior e acabar por causar ou até mesmo aumentar a ansiedade dos vestibulandos. É o que alerta a professora de português e redação do Colégio Academia, de Juiz de Fora, Priscila Maini Pinto.

Segundo ela, ao invés de facilitar o desempenho do aluno, a busca por temas pode causar um efeito adverso, capaz de prejudicar muito mais do que ajudar.

“Quanto mais se aproxima a prova, mais a gente vê os spoilers do tema, e é engraçado que todo ano vem a mesma polêmica que ‘o Inep liberou um possível tema’. Isso é sempre uma furada, e é péssimo, porque os meninos ficam ansiosos e acaba atrapalhando o processo de estudo. É uma questão polêmica que só tende a gerar ansiedade. E ela mais atrapalha do que ajuda. Essa responsabilidade de prever tema tem que ser do professor, porque os alunos não têm que ficar tentando adivinhar tema, têm é que se preparar para o máximo possível de temas e universos diferentes para que consiga ficar seguro quando se deparar com a prova.”

Para a psicóloga, doutora e mestre em psicologia e professora de psicologia da Faculdade Arnaldo, de Belo Horizonte, Danielle Matos, a ansiedade tende a surgir de forma quase inevitável, dado o comportamento humano. Porém, ela alerta: certo grau de ansiedade é comum e esperado para a situação. No entanto, níveis mais elevados de ansiedade podem comprometer o ensino e causar danos à saúde física e mental .

Portanto, caso haja reações frequentes e intensas de ansiedade acompanhadas de sinais físicos como aperto no peito, taquicardia, suor, tremor e/ou sensações recorrentes de impotência, medo e desmerecimento do próprio esforço e desempenho, é hora de buscar ajuda psicológica especializada.

“Prever e controlar o que vai nos acontecer é um hábito humano, especialmente em situações de estresse. Tais situações, inevitavelmente, angustiam, pois ferem a nossa famosa ‘onipotência infantil’. Diante disso, o nosso psiquismo, mais que depressa, tenta criar estratégias para retomar o controle e a previsibilidade. Não poderia ser diferente no Enem, processo tão esperado pelos estudantes e, ao mesmo tempo tão ansiógeno, ainda mais no contexto atual, em que os estudantes sofrem os impactos do longo período de aulas remotas, isolamento social e pandemia.”

Ansiedade sob controle!

Se o tema da redação não está sob domínio do estudante, a ansiedade pode está, o que é muito importante, já que o alto nível de tensão e ansiedade limita o ser humano, conforme Danielle Matos. E, apesar de não ser tão simples, afinal, requer foco, cuidado e atenção, as dicas são certeiras. O primeiro passo é, como dito pela psicóloga, entender o que está ao alcance do vestibulando e o que de fato não está. A partir disso, é planejar, focar e, claro, manter os cuidados com o corpo e a mente em dia. Confira as dicas das especialistas:

Foque nos eixos temáticos e não no tema: Há uma infinidade de processos em que se pode misturar eixos temáticos – áreas mais amplas que podem englobar possíveis temas – e alterar o tema. Então, a preocupação não tem que ser acertar o tema e sim em treinar, por meio da elaboração de eixos temáticos para que o aluno, mesmo que não tenha feito com exatidão o tema, tenha perpassado por ele, porque se preparou para diferentes eixos.

Treine com frequência: Se prepare e treine semanalmente, produzindo a redação, buscando feedbacks de correção, analisando e refazendo, sempre mantendo contato com eixos temáticos distintos. Assim, você estará preparado para qualquer tipo de condução, particularização ou tema que vier no dia da prova e sem ansiedade.

Reconheça o seu esforço: Tenha o hábito de registrar suas evoluções nos estudos, a fim de ter motivação para seguir em frente e estimular a memória.

Mantenha corpo e mente sãos: Não se sabe como a mente funciona como se sabe sobre o funcionamento do corpo. Mas o jargão “mente sã, corpo são” é real. Um pouco de tensão é necessária para manter a atenção. Mas, o alto nível de tensão e ansiedade bloqueia, limita e impede o livre fluir do pensamento, do conhecimento e do saber. Por isso, é necessário o investimento no conhecimento, na cultura e também no físico, cuidando da alimentação, do sono e do relaxamento. Portanto, estude, mas também descanse e pratique atividades das quais gosta, como ler, praticar esportes e se divertir.

Assuma o controle da sua respiração: Entenda as suas necessidades, potencialidades e limitações, e use de suas potencialidades para fazer frente às limitações. Use e abuse do mantra “eu posso, eu quero, eu vou”. Tome consciência de que em seus estudos e na prova é você e você. Respire fundo, aprenda a tomar consciência de sua oxigenação cerebral e controle sua respiração sempre que necessário. Faz toda a diferença.

Respira e vai: Na hora da prova, todo o investimento em estudo já foi feito. Por isso, respire fundo e mantenha a calma para que todo o processamento seja feito de forma adequada. Comece pelo que julgar mais fácil e mantenha a atenção nos textos de apoio. Depois de o cérebro já aquecido, retorne no que tiver mais dificuldade de entendimento e mande ver na escrita.

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